domingo, 9 de novembro de 2008

Passagens aéreas brasileiras estão entre as mais caras do mundo

O combustível de aviação caiu de preço, mas no Brasil as passagens aéreas ainda estão entre as mais caras do mundo. E as promoções desapareceram do mercado. Quem está acostumado a viajar de avião sente no bolso a diferença no preço das passagens.

Na ponte aérea Rio - São Paulo, o aumento chegou a quase 190% em um a ano. Já a passagem de ida e volta de São Paulo para Curitiba subiu 153%. Isso sem falar que as promoções praticamente desapareceram.

Nos postos de combustível, os motoristas também reclamam. O preço do barril de petróleo despencou mais de 50% nas últimas semanas. Na bomba, nada mudou.

A Petrobrás diz que não reajustou os preços quando o barril do petróleo atingiu o recorde e agora também não deverá reduzir o preço.

No caso da aviação, a situação é diferente. Os gastos com combustível representam cerca de 40% do custo das companhias aéreas. E ao contrário do que acontece com a gasolina e o diesel, as mudanças no mercado internacional se refletem rapidamente no valor do querosene usado para abastecer os aviões.

O litro do produto era vendido no começo do ano por R$1,40. Chegou a R$1,87 em agosto no auge da alta do petróleo e no fim do mês passado já tinha baixado para R$1,70.

As empresas alegam que o aumento do dólar também influencia o valor das passagens. Para este economista, a explicação vai mais além. Falta concorrência. Juntas, as duas maiores empresas do setor controlam 92% do mercado nacional.

Fonte: Primeiro Jornal (TV Band)

Pesquisador luta para manter Museu do Aeroclube de São Paulo

Fotos, troféus, livros e medalhas estão em sala improvisada.

Criado em 1990, centro histórico fica no Campo de Marte.


O pesquisador Edgar Prochaska segura um gorro de piloto da década de 1950 - Foto: Carolina Iskandarian (G1)

O ciúme está estampado no rosto do senhor simpático de olhos azuis. “Tenho ciúme. Só eu mexo; é precioso”, diz ele. O ‘tesouro’ em questão são as centenas de fotos, troféus, medalhas, livros e objetos que contam um pouco da aviação brasileira, sobretudo em São Paulo. Aos 76 anos, é Edgar Orlando Prochaska, fundador do Museu do Aeroclube de São Paulo, quem cuida de tudo e luta por um espaço para suas peças.

O centro histórico, do qual ele é também curador, fica no Aeroporto do Campo de Marte, na Zona Norte da capital, onde funciona a sede do Aeroclube desde 1931. Ali, jovens se formam pilotos da aviação civil na “melhor escola da América Latina”, como garante Prochaska. Sócio do local há 40 anos, é piloto amador, escritor, pesquisador, dentista aposentado e um apaixonado por aviões.

Há um ano, viu seu acervo ser colocado em caixas e móveis improvisados porque a antiga sala foi demolida para reforma. Junto com ela, também virou entulho o antigo restaurante social do Aeroclube, que será totalmente reformado. “Estou ansioso para ver o espaço que vão reservar para mim”, brinca o paulistano.

Foto mostra dia de vôo inaugural da falida Vasp, em 1933, no Campo de Marte (Foto: Reprodução/ Arquivo Aeroclube de SP)

Carta

A obra só deve ficar pronta no meio do ano que vem. Enquanto a nova sala não chega, as peças ficam no auditório, disputando espaço com mesas e carteiras de estudante. Prochaska explica que não existem muitos documentos com a história do Campo de Marte e do Aeroclube de São Paulo. Por isso, a ajuda dos amigos foi fundamental.

As primeiras peças do museu foram descobertas por acaso, depois do esbarrão em uma caixa jogada em um hangar. “Vi que o caixote tinha troféus históricos, que estavam oxidados. Mandei restaurar. Daí surgiu a idéia de montar o centro histórico”, conta.

Com o argumento de que “precisava preservar o passado do Campo de Marte” e aumentar seu acervo, o pesquisador resolveu mandar uma carta aos sócios do Aeroclube, pedindo que cedessem objetos pessoais da aviação. “Passaram a vir quadros, jornais antigos, troféus, medalhas. Isso constitui o passado da aviação em São Paulo”.

Passado em foto

Entre as fotos, está a da primeira turma de pilotos formados no Aeroclube paulista em 1933. Há também a imagem do avião da Vasp, que fez o vôo inaugural da empresa no Campo de Marte, no mesmo ano de 1933. Gente bem vestida e carros de época ajudam a compor a foto naquele dia de festa. No álbum em que todas estão misturadas, tem ainda registrada a cena de um dos tradicionais jantares do Aeroclube em 1951.

O Campo de Marte, segundo Prochaska, o primeiro aeroporto de vôo comercial na capital, foi criado em 1920. O Aeroporto de Congonhas, hoje o mais movimentado da cidade, surgiu 16 anos depois, em 1936. É um pouco da história do aeroporto de Santana que o pesquisador quer contar no seu quinto livro. Os outros também falam de aviação e mergulho (outra paixão de Prochaska), além de uma publicação infanto-juvenil.

Aeroporto de Campo de Marte é cenário de vôos de exibição (Foto: Reprodução/ Arquivo Aeroclube de SP)

Enquanto dava a entrevista, na sexta-feira (7), Prochaska passava os olhos por suas peças, parecendo saber o local exato de casa uma delas. Tirava o pó de algum quadro que seria fotografado pela reportagem e apontava livros considerados por ele como raridades.

Um deles, publicado em 1910 em francês, é sobre o Aeroclube da França. Outro que o curador considera valioso é o Tratado de Aeronáutica, de 1991, sobre navegação de dirigíveis. Não podia faltar um exemplar com a história de Santos Dumont. Curioso que o livro sobre o homem tido como o pai da aviação brasileira foi escrito em inglês. “Mas tem tradução em português”, apressa-se em explicar Prochaska.

Para o homem que calcula voar desde os 20 anos, tem um filho piloto e se dedica a livros sobre aviação, é difícil calcular em números o valor do acervo. Mas não em palavras. “É modesto, pequeno e único”.

Prochaska mexe nos livros da estante, onde diz ter raridades (Foto: Carolina Iskandarian/G1)

Fonte: Carolina Iskandarian (G1)

História do Aeroclube de SP é marcada por glamour

Pesquisador diz que jantares pediam rigor nos trajes.

Encontros desde a década de 1930 reuniam personalidades.

Encontros no restaurante do Aeroclube exigiam rigor no traje - Foto: Reprodução (Arquivo Aeroclube de SP)

A vida social no Aeroclube de São Paulo não é mais a mesma. Os tempos são outros e o restaurante usado como ponto de encontro está fechado, em obras. Instalado no Aeroporto Campo de Marte, em Santana, Zona Norte da capital, o Aeroclube foi fundado em 1931 e tem sua história misturada ao glamour da época e das décadas seguintes. Enquanto o restaurante não fica pronto, os sócios da escola de aviação civil paulista comem lanches em um quiosque improvisado.

Quem sente saudade das “conversas de hangar” é Edgar Orlando Prochaska, sócio há 40 anos e fundador do Museu do Aeroclube. “Está fazendo falta esse ponto de encontro. Ali, ninguém fala de futebol e política”, brinca Prochaska, que é dentista aposentado e sempre conciliou o trabalho com a paixão pela aviação.

Veja galeria de fotos

Segundo ele, uma empresa particular – o Aeroclube sobrevive dos cursos de formação de piloto – é quem vai erguer o novo restaurante, por onde passou gente famosa, como o ex-prefeito e governador de São Paulo Ademar de Barros. “Ele foi um dos fundadores do Aeroclube. Para pertencer, tinha que ser gente de projeção na sociedade”.

Prochaska conta que o traje nos eventos era sempre formal. “Não se concebia entrar sem paletó e gravata. Naquela época (entre as décadas de 1930 e 1960), as mulheres vinham em vestidos longos, cerimoniais. Não usavam calça jeans”. As palavras carregam certa crítica quando ele fala do que vê hoje. “O aluno vem estudar de bermuda e chinelo. Antes, se formar piloto era como se formar na faculdade”.

A cada trimestre, surgem turmas com cerca de 300 alunos. Prochaska, que é piloto amador, conta que muita gente desiste ao longo do curso porque descobre que tem medo de voar, não pode pagar a mensalidade (o ensino básico pode chegar a R$ 20 mil) ou é cortado no exame médico.

Para guardar um pouco da memória do Aeroclube de São Paulo, o pesquisador fundou o Centro Histórico em 1990. Por falta de espaço, as peças estão em uma sala improvisada. São troféus, medalhas, fotos antigas, livros e outros objetos sobre aviação no Brasil e no estado paulista.

Tapumes cobrem a obra do novo restaurante que só deve ficar pronto em 2009 - Foto: Carolina Iskandarian (G1)

Prochaska não esconde que o Aeroclube é uma entidade “elitista”. Os 40 sócios são médicos, empresários, advogados e outros profissionais que podem dispor de um jatinho particular para voar por diversão. O Aeroporto do Campo de Marte é o reduto da aviação executiva de São Paulo.

Apesar de afirmar que a escola de pilotos civis – existe a formação militar – é “a melhor da América Latina”, Prochaska diz estar preocupado com o futuro. “O maior temor é a renovação da frota. O lucro do Aeroclube não é suficiente (para comprar aeronaves)”, afirma ele, que defende investimentos do governo no setor. A escola paulista de aviação tem 23 aeronaves na frota, muitas das décadas de 1980 e 1990.

Fonte: Carolina Iskandarian (G1)

Embraer diz que crescimento do mercado na A. Latina continuará firme

A Embraer mantém boas perspectivas de longo prazo para a aviação internacional e prevê que o crescimento do mercado na América Latina e em outras regiões emergentes continuará firme.

Segundo o relatório de perspectivas de longo prazo divulgado nesta sexta-feira (07), a empresa acredita que será mantido o crescimento dos segmentos de aviação executiva e aviões comerciais médios, apesar da atual crise financeira mundial.

O anúncio foi feito no Encontro Anual de Analistas e Investidores, que terminou nesta sexta-feira em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde fica a sede principal da empresa.

"A demanda do transporte aéreo mundial deverá crescer, em média, cerca de 5% ao ano entre 2009 e 2028", diz o relatório.

"A Embraer estima que a indústria de transporte aéreo reagirá positivamente, após o término do atual período de crise econômica, e que no longo prazo a tendência de crescimento da demanda será mantida", acrescentou.

A entidade ratificou sua previsão de que a China será a maior responsável pelo crescimento do mercado nos próximos 20 anos, com uma taxa anual superior a 7,5%, "seguida pelas regiões da América Latina, Rússia e Comunidade dos Estados Independentes (CEI)", ambas com taxa média anual de 6%.

A demanda da Ásia Pacífico e da África crescerão em torno de 5%, e os mercados da Europa e da América do Norte, 4%.

A Embraer prevê uma demanda mundial de 6.750 aviões com capacidade de 30 a 120 assentos nos próximos 20 anos, com vendas de novas aeronaves no valor de US$ 220 bilhões.

Desse total, 2.950 aviões deverão ser entregues entre 2009 e 2018 e os outros 3.800 entre 2019 e 2028.

No segmento de aviões executivos, a empresa prevê uma demanda mundial de 11.880 unidades entre 2009 e 2018, o que poderá gerar negócios de aproximadamente US$ 204 bilhões em entregas de novas aeronaves, acrescenta o relatório.

Para 2009, a empresa prevê entregar aos seus clientes 270 aviões para os segmentos comerciais, executivos e de defesa e Governo (companhias aéreas estatais e transporte de autoridades). Também planeja investir US$ 450 milhões no próximo ano.

As previsões indicam que o segmento de 30 a 60 assentos ficará sob pressão nos próximos cinco anos devido à crise econômica e ao preço do combustível, fatores que forçam as companhias aéreas a revisarem suas estratégias, especialmente na América do Norte.

A Embraer também prevê que as emissões de gases serão um dos pontos cruciais que influenciarão no desenvolvimento de aeronaves no futuro, pois hoje mais de 700 unidades de 30 a 120 assentos têm mais de 20 anos e logo deverão ser substituídas - o que resultará em benefícios ambientais significativos, afirmou.

Fonte: EFE

Primeira missão lunar indiana chega à órbita da Lua

A primeira missão lunar indiana, a "Chandrayaan-1", chegou hoje à órbita da Lua, anunciou o porta-voz da Organização de Pesquisa Espacial Indiana (Isro, em inglês), S. Satish.

Segundo a fonte, citada pela agência "Ians", a nave não-tripulada da Isro chegou à órbita lunar às 17h15 (9h45 de Brasília) após efetuar complexas manobras.

A "Chandrayaan-1" foi lançada no último dia 22 das instalações da Isro na ilha de Sriharikota, na baía de Bengala, sul da Índia, e alcançou a órbita lunar no dia previsto.

Com o lançamento da "Chandrayaan-1", a Índia se uniu ao clube de potências com missões na Lua, integrado por Rússia, Estados Unidos, Agência Espacial Européia, China e Japão.

Com custo de 3,86 bilhões de rúpias (cerca de US$ 80 milhões), a sonda viajou à Lua equipada com 11 instrumentos científicos que servirão para traçar um mapa tridimensional do satélite e estudar sua composição geológica.

A "Chandrayaan-1" orbitará a 100 quilômetros do satélite durante dois anos, segundo previsões da Isro.

Fonte: EFE

Coréia do Norte diz que quer explorar espaço com fins pacíficos

A Coréia do Norte manifestou nesta sexta-feira (07) interesse em se juntar à corrida espacial com fins pacíficos, da qual já participam países emergentes como a Índia e China, segundo afirmou o jornal oficial "Rodong Sinmun".

Segundo ele, o país vem exercendo seu "direito justo" de investigar e desenvolver tecnologia espacial com fins pacíficos e no futuro "continuará avançando" rumo a essa meta.

O jornal referiu-se aos satélites lançados ao espaço por países em desenvolvimento, como China e a Índia, e assinalou que a corrida espacial é agora uma tendência global, embora anteriormente fosse um monopólio dos países desenvolvidos.

"O interesse internacional no espaço como fonte comum de riqueza para a humanidade aumenta a cada dia e muitos países se esforçam no uso e expansão pacíficos de suas pesquisas espaciais", ressaltou o diário.

A Coréia do Norte disparou sobre o Japão, em 1998, um míssil de longo alcance, chamado Taepodong-1.

O regime comunista afirmou que o míssil transportava o primeiro satélite norte-coreano, chamado Kwangmyongsong, e que o satélite entrou em órbita cinco minutos após haver disparado a bomba.

Analistas americanos consideraram que o lançamento do satélite da Coréia do Norte fracassou rapidamente.

Fonte: EFE

Documentário: Panair do Brasil

Longa revela a trajetória da empresa pioneira na aviação comercial do Brasil

A Panair do Brasil iniciou suas operações em 1929 e ganhou este nome no ano seguinte, quando passou a ser controlada pela estrangeira Pan Am. As atividades foram encerradas em 1968, quando determinações dos militares impossibilitaram a continuidade da companhia. O acontecimento poderia estar relacionado com a antipatia que o governo nutria contra os donos, Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen.

Os aviões foram incorporados pela Varig e pela Cruzeiro, assim como as oficinas e rotas aéreas. Segundo relatos, até hoje um grupo de funcionários da empresa se reúne anualmente para um evento, no qual se celebra o orgulho e a saudade da companhia.

As pessoas que fazem parte da família PanAir do Brasil participam do documentário e falam sobre a utopia de um dia ver a empresa voar novamente.

Veja o trailer



Informações

Censura: Livre
Diretor: Marco Altberg
Elenco: (documentário)
Nome Original: Panair do Brasil
Ano: 2007
País: BRA
Duração: 70 minutos

Fonte: Guia da Semana

Polícia investiga mais 3 comunidades que debocham acidente da TAM

A Polícia investiga outras três comunidades criadas num site de relacionamento que debocham o acidente da TAM, que deixou 199 mortos em julho do ano passado. Nesta sexta-feira, dois adolescentes que brincavam com a tragédia foram obrigados a comparecer à delegacia. Eles criaram uma comunidade (Churrasco da TAM) para zombar das vítimas e mostrar fotos dos cadáveres. A polícia conseguiu tirar a página do ar.

- Os pais ficaram surpresos quando souberam do envolvimento dos filhos. É preciso impor limites às crianças. Não de pode deixar um adolescente livre na internet - disse o delegado Wilson Roberto Zampieri, titular da 4ª Delegacia de Meios Eletrônicos do Deic.

R.D.M.S. tinha 12 anos quando criou a comunidade no Orkut no passado. O primo dele, E.R.S.C, de 16 anos, estava com ele. O delegado disse que ao chegar à casa do garoto mais novo, nesta sexta-feira, não encontrou os pais, que estavam trabalhando. O adolescente, que está na sétima série do ensino fundamental, admitiu que passava boa parte do tempo navegando na internet. O computador ficava no quarto do garoto, no fundo da casa, localizada no bairro da Vila Guilherme, zona norte de São Paulo. O primo dele mora em São Bernardo do Campo e passava alguns dias na casa de R.D.M.S.

A polícia terminou o inquérito que investiga essa comunidade somente agora, um ano e meio após a tragédia. O delegado reclamou da demora em conseguir a quebra do sigilo dos adolescentes na internet. Os garotos serão chamados para comparecer à Vara da Infância e Juventude. Eles podem receber uma advertência e até mesmo serem encaminhados para a Fundação Casa. Se fossem maiores de idade, teriam de responder por vilipêndio de cadáver, pena que vai de um a três anos de detenção.

As investigações continuam e o escrivão Márcio Antonio Pinto disse que está próximo de descobrir a identidade dos autores das outras comunidades: Churrastam, Churrascão 3054 e Churrascão 3054 em Congonhas. A primeira dessas três comunidades tinha uma foto do terrorista Bin laden na capa.

- Todas elas mostravam fotos de cadáveres e imagens que foram copiadas da própria internet. Os parentes das vítimas ficaram indignados - disse Pinto.

Fonte: Wagner Gomes (O Globo)

Casas vizinhas ao Aeroporto de Congonhas 'encalham'

Congonhas antes da inauguração em 1936

Congonhas em 1975

Congonhas em 2007

Risco de acidente aéreo, obras de ampliação das pistas, barulho de turbina. Esses são alguns dos motivos que fazem um imóvel levar até um ano para ser vendido na região do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. Algumas residências no Parque Jabaquara chegam a ostentar quatro placas de "vende-se" no portão.

A imobiliária Kauffmann disse que possui cerca de 234 imóveis à venda na região do aeroporto e o tempo para fechar o negócio chega a ser de um ano. Segundo Everton Lúcio, gerente comercial da imobiliária, os proprietários ficam decepcionados com as ofertas abaixo dos valores da residência.

- Essa falta de demanda não é somente por causa do acidente. Acontecia antes, pois são poucos os que querem ter imóvel em uma região de rota de avião, não só pela insegurança, mas também pelo barulho - disse Everton Lúcio.

De acordo com as imobiliárias que trabalham na região, muitos proprietários colocaram seus imóveis à venda após o acidente com o avião da TAM, em julho de 2007, mas nem sempre recebem a oferta que esperam. Segundo informação do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci), o tempo médio de venda de um imóvel na capital paulista é de seis meses, metade do tempo da vizinhança de Congonhas.

O imóvel do vendedor Paulo Garbujo, de 54 anos, está há um ano à espera de um comprador. Ele teme que o projeto de ampliação da pista de Congonhas e desapropriação de casas no entorno dificulte ainda mais o negócio.

- Tinha uma pessoa interessada em olhar o imóvel, mas, depois dessa notícia, temo que ela desista - afirmou. Ele mora há 10 anos na Rua Marques Perdigão, que fica a cerca de 100 metros da cabeceira da pista. "Mas estou acostumado com o barulho", garante Paulo.

As desapropriações de casas custariam cerca de R$ 400 milhões ao estado, mas os moradores temem que suas casas sejam desvalorizadas.

- Isso aqui é um elefante branco, mas, se eles oferecerem um preço justo, eu vou embora - afirmou o aposentado José Massi Neto, de 62 anos.

Ele disse que, nos últimos anos, cerca de 15 pessoas interessadas na compra visitaram sua casa.

- Da última vez, a pessoa ia fechar o negócio, até que um avião subiu e seu neto começou a chorar. Ele desistiu na hora - afirmou.

O aposentado, que mora há 30 anos na Rua Monsenhor Antônio Pepe, a cerca de 10 metros do muro da pista, é favorável à mudança do aeroporto.

- Todo mundo lutou para comprar uma casa neste bairro, agora vai lutar para vender - contou.

A imobiliária R Santos, que negocia imóveis na região há 35 anos, confirmou a queda de vendas nos últimos meses.

- Estávamos com uma média de 20 casas vendidas por mês e esse número caiu para menos de dez - disse o consultor de imóveis Antônio Monteiro, que culpa ainda a crise financeira. "Isso tudo contribui", disse.

A assistente financeira Maria Graça dos Santos, de 44 anos, trabalha há seis meses em frente ao Aeroporto de Congonhas. E já apresenta sinais de estresse por causa do barulho dos aviões.

- Tenho dor de cabeça constantemente e chego a sonhar com avião caindo - reclama.

Ela disse que a ampliação da pista pode definir seu futuro profissional.

- Se a empresa for desapropriada e eles mudarem de endereço eu permaneço, mas se continuar por aqui eu peço demissão. Eu moro em Cotia e estou acostumada com um clima tranqüilo, de paz - disse.

A sede da empresa de segurança onde Maria Graça trabalha funciona em uma residência na Rua Monsenhor Antônio Pepe, a cerca 10 metros da cabeceira da pista do Aeroporto de Congonhas, no Parque Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. Uma das janelas da casa chegou a trincar por causa do ruído das turbinas.

- Quando o avião manobra na pista para decolar as janelas trepidam. Até hoje não consigo entender como tem uma área residencial aqui - conta ela.

Mas a assistente diz que é preciso ter paciência para falar ao telefone.

- Por volta das 16h, quando o tráfego é intenso, tenho que pedir para a pessoa do outro lado da linha esperar um pouco cada vez que passa um avião - afirmou, minutos antes de encerrar o expediente e voltar para a calmaria em Cotia, na Grande São Paulo.

Fonte: Fabiano Nunes (Diário de S.Paulo) - Fotos: Blog do Milton Jung