domingo, 16 de janeiro de 2011

Cresce a demanda por pilotos de avião no Brasil

Salário inicial é de R$ 2 mil, mas pode passar de R$ 18 mil. oferta de vagas vai crescer com eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas

A secretária Lívia Martins Ferreira de Souza, de 27 anos, tem vontade de ser piloto desde a adolescência

De preferência, que seja disciplinado, tenha boa aparência, saiba trabalhar em equipe e tenha disponibilidade para voar a qualquer hora. É recomendável que fale inglês. O salário inicial é de R$ 2 mil e pode passar dos R$ 18 mil para comandante de voo internacional. Como se pode perceber, a oportunidade está batendo na porta de quem quer seguir carreira de aviador. O número de profissionais que deve se formar nos próximos anos não será suficiente para preencher as vagas que surgirão, especialmente com a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que vão trazer muitos estrangeiros para o Brasil e aumentar o movimento nos aeroportos. A previsão é de que vai faltar piloto em cinco anos.

Sinal de alerta para as companhias aéreas. Muitas planejam adquirir novos aviões para dar conta da grande quantidade de passageiros que terão interesse em cruzar o território brasileiro e, para isso, precisam aumentar o quadro de funcionários. O tempo é curto, considerando que um piloto leva, em média, dois anos para se formar. Porém, o desafio será uma ótima oportunidade para o país provar que não é só bom de bola e o caos aéreo é problema do passado.

Diretor da Esaer Escola de Aviação Civil, o comandante Luiz Eustáquio Moterane defende que a solução para o problema está no planejamento, pois a expansão do setor é inevitável. ''O poder econômico tem evoluído mais que as expectativas e as rodovias não estão conseguindo atender a demanda, então a aviação se faz cada vez mais necessária e presente'', esclarece. O problema é que, para acompanhar o ritmo da economia, as empresas precisam ter mais profissionais disponíveis no mercado. ''Se hoje você precisa comprar um avião, em dois dias ele está no Brasil, e em uma semana já está operando. Nesse período você não forma um piloto.''

Para Giuliano Berossa, o momento é ideal para se investir na carreira de comissário de bordo

Moterane destaca que o governo está investindo na formação de pilotos, justamente porque está preocupado com a escassez de mão de obra. No ano passado, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ofereceu bolsas de estudos para alunos de todo o Brasil - em Minas foram 47. O benefício cobre 75% dos gastos com as aulas, que podem chegar a R$ 70 mil. Com isso, o Ministério da Defesa quer dar uma chance para quem sonha em voar e não tem condições de arcar com as despesas do curso.

O alto investimento é um dos empecilhos para muitos jovens que tentam se aventurar na carreira de aviador. Para se tornar piloto privado (PP), a primeira graduação, que permite guiar apenas aeronaves de pequeno porte, o aluno chega a gastar R$ 14 mil. Depois, precisa desembolsar mais dinheiro para obter a licença de piloto comercial (PC). A partir daí é que ele pode entrar no mercado de trabalho e se formar piloto de linha aérea (PLA). Caro, na verdade, não é a mensalidade do curso. São as horas de voo que o estudante precisa ter para se formar. O preço de uma hora pode passar de R$ 300 e, para tirar a licença de PP, ele tem que provar que já voou, no mínimo, 150 horas.

''Vou ver a Copa do Mundo e as Olimpíadas lá de cima'', brinca a secretária Lívia Martins Ferreira de Souza, de 27 anos, que estuda para ser piloto. O sonho de voar surgiu na adolescência, mas ela demorou a ter condições de bancar o curso. A solução foi juntar dinheiro e pedir ajuda para os pais, que estão na maior expectativa de ver a filha comandar uma aeronave. Até se formar, Lívia vai continuar trabalhando o dia inteiro em um consultório médico. Apesar de ser a única mulher na sala de aula, ela não se intimida. ''Hoje, temos mulher que é presidente. Se faço o que gosto, tenho mais é que arriscar.''

Lívia passou na prova teórica da Anac e só está esperando receber o certificado para começar as aulas práticas. ''Infelizmente, a gente está presenciando uma crise na aviação por falta de profissionais, mas para quem está estudando é ótimo. Daqui a pouco vou estar empregada, se Deus quiser'', aposta a secretária, feliz em saber que está investindo, na hora certa, em um mercado tão promissor. ''Acho fantástico fazer uma máquina daquele tamanho funcionar. É isso o que eu quero para o resto da minha vida.'' Ano que vem ela já quer estar voando alto.

Planos ousados

Com o crescimento da aviação brasileira, impulsionado pelo bom momento da economia e também pela proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas, as companhias aéreas estão com planos ousados. A Gol vai renovar a frota e, no ano que vem, espera estar com 115 aviões no ar, três a mais que tem hoje. Até 2014, ano em que o país vai sediar o mais importante campeonato de futebol, a TAM Linhas Aéreas quer ampliar de 150 para 168 o número de aeronaves. Para que as novas máquinas possam voar, a empresa espera contratar 600 tripulantes, entre pilotos e comissários, ainda este ano.

Outra companhia que está em expansão é a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, que vai investir mais de US$ 3 bilhões até 2016. Para o ano que vem está prevista a chegada de oito aviões de 70 lugares. A empresa também quer unir mais de 50 destinos até a Copa do Mundo (hoje são 26) e no ano das Olimpíadas do Rio de Janeiro espera ter 7.500 funcionários, o que representa um aumento de mais de 100%. ''Você pode ter a melhor tecnologia do mundo. Se não tiver gente, não consegue operar. As pessoas são a chave de tudo'', comenta o gerente de Recursos Humanos, Johannes Castellano. Na opinião dele, os mais difíceis de encontrar serão pilotos, técnicos em manutenção e despachantes operacionais de voo.

Comissário é o que não falta e as empresas não têm dificuldade para contratar os recém-formados. O comandante Luiz Eustáquio Moterane, diretor da Esaer Escola de Aviação Civil, conta que lá se formam 50 alunos a cada quatro meses e, de vez em quando, ocorre de uma companhia pedir 250 indicações de uma só vez. ''Para cada avião que ela compra, precisa contratar 40 funcionários. Para cada porta da aeronave precisa-se de 10, porque um está de folga, outro está na chefia, o colega está de férias.''

Giuliano Berossa, de 28 anos, já trabalhou como bancário e atendente de call center, mas descobriu na aviação o emprego dos sonhos. Há cinco anos ele é comissário de bordo e já chegou ao topo da carreira. ''Somos um dos poucos profissionais treinados para lidar com o que se espera que nunca aconteça: a emergência. O essencial é você gostar de pessoas, porque passa a maior parte do tempo com o cliente.''

Na época em que se formou, o comissário teve um pouco de dificuldade para conseguir emprego, mas reconhece que foi um momento atípico. ''A aviação tem altos e baixos. Quando terminei o curso, a Vasp, Varig e Transbrasil fecharam e o mercado ficou um pouco mais restrito'', relembra. Mas Giuliano concorda que agora é a hora de investir na carreira, já que o mercado está em expansão.

Antes que você pense que não tem chance de concorrer a uma vaga porque não é loira, alta nem tem olhos azuis, preste atenção. ''Para ser comissário, não precisa ser bonito não, mas tem que se expressar bem, ser simpático, estar sempre de bom humor. Tem que demonstrar que tem disponibilidade para viajar e ficar à disposição da companhia aérea'', explica o diretor da StarFlight Academia de Aviação, Francisco Pio Ferreira Bessa. ''As empresas também sentem muita necessidade de que o candidato tenha segundo ou terceiro idioma, preferencialmente, inglês e espanhol."

Fonte: Celina Aquino (Estado de Minas) - Fotos: Maria Tereza Correia / Mack Howell

GO: encontrado sexto corpo após acidente com avião

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás encontrou por volta das 10h20 deste sábado o corpo do copiloto Tiago Bastos de Oliveira, 21 anos,sexta vítima do acidente com o bimotor Beech 22, que caiu ontem no início da noite em Senador Canedo (12 km de Goiânia). A tragédia vitimou também o neto do governador de Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), Gabriel, de 12 anos, e mais cinco pessoas, duas delas crianças.

O piloto Bruno de Oliveira Pessoa foi o primeiro corpo a ser identificado, logo após o acidente. Ele estava do lado de fora da aeronave. Por volta das 4h, todos os corpos - Gabriel Marques Siqueira Campos, Guilherme, 7 anos, e Luiz Carlos Coelho, 11 anos, filhos da quinta vítima, Andreia Rosália Santos Silva Coelho, de 37, já haviam sido resgatados, faltando apenas o corpo do copiloto que ainda estava desaparecido.

Fonte e foto: Mirelle Irene (Terra)

Avião sem piloto buscará vítimas isoladas na região serrana do Rio

Veículo vai captar imagens de moradores em áreas onde é impossível chegar por terra

Um Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) será usado para captar imagens de vítimas das chuvas na região serrana do Rio. Sob comando do Exército, o avião de controle remoto, desenvolvido no Brasil, terá sua primeira "missão real" desde seu desenvolvimento.

Com capacidade para varrer áreas num raio de 10 km, por 40 minutos e a até 1 km de altura, o Vant poderá transmitir imagens online.

O uso do equipamento visa localizar pessoas desabrigadas e isoladas sobretudo nas zonas rurais, sem acesso por terra. O Ministério Público Estadual informou que há inúmeras comunidades "ilhadas" no campo, onde 80% das plantações foram destruídas.

As imagens captadas e as coordenadas para localização da área serão retransmitidas a um centro de controle para que militares possam ir fazer salvamentos.

Segundo o Exército, os militares começaram na sexta-feira a participar das ações de socorro às vítimas, mas ontem entraram de vez, com cerca de 500 homens, na missão nos municípios atingidos. Em pouco mais de duas horas de ação, foram resgatadas 30 pessoas.

Serão usados ao menos 50 veículos do Exército, além de seis helicópteros. Os militares montaram um hospital de campanha em Nova Friburgo e distribuem comida e água em bairros devastados. Também trabalham na retirada de pedras, tronco de árvores e lama que obstruem estradas de ligação com bairros nas encostas devastadas.

Fonte: Hudson Corrêa (jornal Folha S.Paulo) - Foto: Divulgação/PF

Vai a 632 o nº de mortos pela chuva na região serrana do Rio

O número de mortos em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro chegou a 632 neste domingo. De acordo com informações da Defesa Civil e das prefeituras, 287 óbitos foram registrados em Nova Friburgo, 267 em Teresópolis, 56 em Petrópolis, 19 em Sumidouro e 3 em São José do Rio Preto. A Polícia Civil do Rio informou que 590 corpos já foram identificados.

Em Teresópolis, 235 corpos já foram identificados e liberados pela Defensoria Pública, mediante iniciais para sepultamento. Até as 18h de sábado, a Central de Cadastro de Desaparecidos havia recebido a reclamação de que 88 pessoas ainda estariam desaparecidas.

Ainda segundo a Defesa Civil e as prefeituras, são 8.120 desalojados e 5.970 desabrigados nas três cidades mais afetadas sendo 3,6 mil e 2,8 mil, respectivamente, em Petrópolis; 1,3 mil e 1,2 mil em Teresópolis; e 3.220 e 1.970 em Nova Friburgo.

Mas as autoridades ainda não sabem estimar o número de pessoas desaparecidas porque as equipes de resgate enfrentam dificuldades para chegar, com o maquinário necessário, a locais afetados para tentar resgatar vítimas. Neste sábado, voltou a chover forte na região, o que prejudica as operações.

Fonte: Terra