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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Audiência sobre voo da Chapecoense é marcada; famílias pedem R$ 4,2 bilhões de indenização

Objetivo é definir quais empresas ficarão responsáveis por pagamento.

Homenagem às vítimas do voo da Chapecoense feita com flores em campo de futebol
(Foto: Agência Getty Images/Divulgação)
O processo de indenização para as famílias das vítimas do acidente com o voo da Chapecoense teve mais um audiência marcada. O objetivo agora é definir quais empresas ficarão responsáveis pelo pagamento da indenização.

As famílias pedem um montante estipulado em US$ 844 milhões (R$ 4,2 bilhões). O acidente ocorreu em 29 de novembro de 2016, quando o avião que levava a delegação do time e representantes da imprensa caiu na Colômbia.

A audiência está marcada para 20 de abril no Tribunal de Miami, nos Estados Unidos.

Na ocasião, deve ser decidido se a resseguradora Tokio Marine Kiln ficará responsável pelo pagamento da indenização. O g1 entrou em contato com a empresa e não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.

As famílias reivindicam que a resseguradora faça o pagamento porque a Tokio Marine é a cabeça da apólice de resseguro do voo da LaMia, companhia aérea boliviana que operou o voo da Chapecoense.

Como a LaMia negociou a compra do combustível e o seguro do voo em Miami, o processo foi aberto na Justiça da cidade americana. E a ação já havia sido homologada entre LaMia e os familiares, onde gerou a sentença de R$ 4,2 bilhões.

Porém, as resseguradoras da companhia aérea levaram uma ação à Justiça de Londres para suspender a homologação de Miami. As empresas escolheram a capital britânica porque entendiam que o foro competente seria o da cidade onde o contrato de resseguro foi assinado, assim como a cidade onde todas as resseguradoras têm sede.

Contudo, o juiz da audiência entendeu que a Justiça americana é competente para julgar o caso e derrubou a liminar que visava suspender o processo. Com isso, a ação retomou a Miami.

Via g1

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

sábado, 26 de novembro de 2022

Pais de jogador da Chapecoense serão indenizados por morte de filho em queda de avião

(Foto: Luis Benavides/AP)
A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve a condenação da Associação Chapecoense de Futebol, de Chapecó (SC), a pagar indenização aos pais de um jogador de futebol que morreu no acidente aéreo ocorrido em 2016, quando o time viajava para o jogo final da Copa Sul-Americana, na Colômbia. Na decisão, foi reconhecida a responsabilidade objetiva (que dispensa comprovação de culpa) da Chapecoense, inclusive pelo risco criado pelas viagens frequentes.

Indenização

Tiaguinho, ou Tiago da Rocha Vieira, foi uma das 71 vítimas fatais do acidente que ocorreu perto de Medellín, na Colômbia, em 28/11/2016. Ele era jogador da Chapecoense desde 2010 e tinha 22 anos.

Para os pais do atleta, uma manicure e um motorista que residem em Nova Friburgo (RJ), ele foi vítima de um típico acidente de trabalho, pois viajava de um país para outro para disputar partidas de futebol. Na ação contra a empregadora, eles pediram reparação por danos morais e materiais pela perda do filho.

Responsabilidade

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) manteve a sentença que deferiu o pedido, determinando o pagamento de indenização por danos morais de R$ 80 mil para o pai e R$ 50 mil para a mãe. A diferença se deu porque receberá, também, pensão mensal, por ter sido privada do familiar que lhe provia o sustento.

Segundo o TRT, em toda atividade esportiva há risco, seja de lesões, seja por acidentes decorrentes de viagens, e esse risco é assumido pelo empregador. Assim, a Chapecoense teria responsabilidade objetiva pelos danos ocorridos em decorrência do acidente de trabalho.

Fatalidade

No recurso de revista, o clube argumentou que o acidente fora uma fatalidade e que a atividade de jogador de futebol não pode ser considerada de risco. “Se assim o for, todo ser humano estará sujeito a lesões, de diferentes graus e sequelas, ocasionadas pelo simples fato de estar vivo", alegou.

Acidente de trabalho

Para o relator do recurso, ministro Cláudio Brandão, não há dúvidas quanto à ocorrência de acidente de trabalho. Afinal, o atleta morreu ao ser transportado, por aeronave pertencente a empresa contratada pela empregadora, para outro país onde ocorreria o jogo de futebol. Ainda que durante o voo não estivesse propriamente na execução direta do trabalho, ele estava à disposição do empregador.

Transporte

Para Brandão, o transporte aéreo fora fornecido e custeado pela empregadora para atender a exigência de sua própria atividade econômica, e o jogador estava no avião porque cumpria ordens. “Trata-se de contrato acessório conexo ao contrato de trabalho”,explicou. Nesses casos, o empregador equipara-se ao transportador para fins de responsabilização pelos danos causados às pessoas transportada.

Risco da atividade

Outro tipo de responsabilidade que se aplica nesse caso, segundo o relator, é a teoria do risco decorrente da atividade desenvolvida. A seu ver, ele também está presente no caso, com a reiteração das viagens em transportes terrestres ou aéreos.

Em um exame detalhado, o ministro verificou que, de abril a novembro de 2016, dos 51 jogos que a Chapecoense disputou, 26 foram "fora de casa". “Independentemente do meio de transporte utilizado para chegar aos locais dos jogos, o empregado estava claramente exposto a um maior risco de sofrer acidentes”, assinalou.

Essa situação, na avaliação do relator, se enquadra no Tema 932 de repercussão geral do Supremo Tribunal Federal (STF), porque a atividade, por sua natureza, apresentava exposição habitual a risco especial e acarretou ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da coletividade.

A decisão foi unânime.


Fonte: Secretaria de Comunicação Social do Tribunal Superior do Trabalho (TST)

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Justiça nega bloqueio de bens de empresas rés no processo que investiga acidente aéreo da Chape

Valor de R$ 113,6 milhões seria usado para indenizar famílias das vítimas da tragédia.

MPF pediu bloqueio milionário de bens de três empresas (Foto: Adriano Vizone/Folhapress)
A Justiça negou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para bloquear R$ 113,6 milhões em bens de três empresas rés no processo que investiga o acidente aéreo da Chapecoense: a LaMia, a Bisa Seguros e a resseguradora Tokio Marine. O valor seria destinado às famílias das vítimas.

O juiz Narciso Leandro Xavier Baez, da 2ª Vara Federal de Chapecó, entendeu que, "embora o direito à indenização seja reconhecido, a determinação de valor e da responsabilidade de cada uma não pode ser considerada incontestável a ponto de permitir o deferimento de bloqueio e repasse de valores aos representados”.

A queda do avião com a delegação da Chape aconteceu em 29 de novembro de 2016, na Colômbia, e matou 71 pessoas, entre jogadores, comissão técnica, diretoria, jornalistas e convidados.

Ainda de acordo com o magistrado, o MPF não comprovou que as empresas citadas estivessem fugindo da obrigação de fazer o pagamento.

– Os fatos narrados ocorreram há anos e, embora este Juízo seja sensível à situação a que foram expostas as famílias, faz-se necessária a consideração de que já ocorreram adaptações e o perigo de dano eminente não mais se apresenta.

O valor de R$ 113,5 milhões solicitado pelo MPF corresponderia a US$ 225 mil por vítima, considerando todas as 81 pessoas que estavam no avião.

O acidente


Em 29 de novembro de 2016, o avião que levava a delegação da Chapecoense para a partida de ida da final da Copa Sul-Americana, na Colômbia, caiu nas proximidades de Medellín e matou 71 pessoas.

Em 2018, a Aeronáutica Civil da Colômbia concluiu a investigação e confirmou que o combustível do avião era insuficiente para o voo entre Santa Cruz, na Bolívia, e a Colômbia. O acidente ocorreu por esgotamento de combustível como consequência da falta de gestão de risco apropriada pela Lamia. Sem o combustível, os motores pararam de funcionar, e o avião planou até bater.

Via Daniela Walzburiech (ge)

quarta-feira, 13 de julho de 2022

CPI determina indenização às famílias do acidente de avião da Chape

(Foto: Divulgação/Chapecoense) 
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal aprovou, segunda-feira, o relatório final sobre o acidente aéreo da Chapecoense.Ocorrido foi em 2016. O texto, de autoria do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e aprovado por unanimidade, faz sete recomendações.

Entre elas, contra indenização de vítimas e familiares. Sem deixar de responsabilizar de cinco empresas envolvidas em uma possível fraude na emissão da apólice de seguro contratada pela companhia aérea boliviana Lâmia.

Além da LaMia, as empresas citadas são a seguradora Bisa Seguros, a resseguradora Tokio Marine e as corretoras Aon UK e Grupo Estratégica (antiga Aon Bolívia), todas envolvidas em possível fraude na emissão da apólice de seguro.

Em 29 de novembro de 2016, o voo da empresa LaMia, que levava o time de futebol da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, onde seria realizada a final da Copa Sul-Americana, caiu próximo à cidade após partir de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.


Segundo relatório do Grupo Colombiano de Investigação de Acidentes Aéreos, a principal causa foi a falta de combustível. O desastre teve 71 vítimas fatais, sendo 64 brasileiros, incluindo jogadores, integrantes da comissão técnica, dirigentes, jornalistas esportivos e alguns convidados.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Chapecoense diz à Justiça que queda de avião foi benéfica a sobrevivente

Cruz, flores e velas junto aos destroços do avião que levava a Chapecoense em solo colombiano (Imagem: Felipe Pereira)

Para se livrar do pagamento de danos morais ao lateral Alan Ruschel, sobrevivente do acidente aéreo de 2016, a Chapecoense afirmou à Justiça de Santa Catarina que a queda do avião que matou 71 pessoas foi benéfica ao atleta.

Em petição à qual a coluna teve acesso, enviada ao Judiciário no último dia 24 de janeiro, a Chape cita que "o acidente deu notoriedade ao reclamante e alavancou seus ganhos, [e] sua imagem valorizou-se e passou a ter notoriedade mundial".

Ruschel foi à Justiça contra a Chapecoense em maio do ano passado pedindo o pagamento de R$ 3.381.105,40 referente a danos morais pelo acidente, contestação do seguro recebido e verbas trabalhistas, como salários atrasados e direitos de imagem.

Um dos pedidos é sobre a indenização pelo acidente com o voo da Chapecoense, que deixou 71 pessoas mortas. O jogador contesta o valor recebido, inferior ao que foi pago às famílias de outras vítimas.

Trecho de petição judicial da Chapecoense (Imagem: Reprodução)
O clube, por seu lado, afirmou que "o reclamante não foi vítima de um acidente, pelo contrário, foi um sobrevivente, abençoado pela força divina e, dentre aqueles ligados ao futebol, o único que continua a desenvolver suas atividades identicamente ao período anterior ao mesmo".

Além disso, a Chapecoense informa que a vida de Ruschel continuou normalmente após o acidente, inclusive com o lateral tendo se casado meses após a queda do avião. Completou apontando que o jogador sempre disse "não recordar de nada".

"O conteúdo apresentado pela defesa da Chapecoense foi extremamente insensível com o ser humano que foi, sim, vítima de um acidente de trabalho, enquanto viajava a trabalho em um avião alugado pelo clube, fato público e notório. Esse tipo de argumento, da defesa, que tenta retirar a pessoa de ser vista como uma vítima do acidente, afirmando que o fato lhe deu notoriedade, é desconectado da realidade e pode gerar uma nova ação contra a Chapecoense pelo teor da defesa. Uma vez que a argumentação, em tese, fere a dignidade do jogador e pode prejudicar a sua imagem junto às demais pessoas", afirmou ao UOL o advogado trabalhista Higor Maffei Bellini.

Ruschel, 32, teve três passagens pela Chapecoense. Primeiro, em 2013. Depois, de 2016 a 2019. Por fim, voltou em 2020. Na temporada passada, ele defendeu o Cruzeiro e o América-MG.

Alan Ruschel, capitão da Chapecoense, ergue a taça da Série B do Brasileiro 2020
(Imagem: Reprodução/SporTV)
Assim, o clube conclui que "nenhum trauma a princípio ficou", avaliando que Alan nunca utilizou os serviços de psicologia e psiquiatria disponibilizados pelo clube. E, para a Chape, "não há indicativos de que alguma sequela tenha ficado".

A agremiação de Chapecó pede que, caso mesmo com essas alegações o tribunal entenda pela existência do dano moral, "que seja proporcional ao dano".

A Chape também alega que não é possível comparar os valores de Ruschel com destinado a outros atletas, como o ex-goleiro Jackson Follmann. "Este ficou com invalidez permanente, vez que teve uma perna amputada em razão do acidente", analisou o clube, que acrescentou não ter percebido redução de capacidade laborativa por parte do lateral.

Mariju Maciel, advogada de Alan Ruschel, disse à coluna que a contestação foi recebida com revolta por parte do atleta e seus representantes.

"Recebemos com tristeza, mas também com muita revolta! Alan se lembra de cada detalhe do acidente. Nunca falou por respeito às famílias. A dor que teriam ao saber de tudo. Não falou por respeito ao amor que tinha as amigos que morreram ao seu lado. Não falou porque cada lembrança, cada palavra, lhe faz reviver um trauma inexplicável. Mas jamais pensou que a chapecoense seria tão insensível", disse Mariju.

As partes realizaram uma audiência de conciliação neste mês de fevereiro, mas o clube não fez nenhuma proposta de acordo. Procurada, a Chapeconse disse que não vai se manifestar. Segundo apurou a reportagem, um dos motivos é de que houve uma troca no departamento jurídico do clube e quem assumiu ainda não teve acesso aos processos envolvendo a equipe catarinense.

Via Diego Garcia com Thiago Braga (UOL)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Sobrevivente da tragédia da Chapecoense visita local da queda do avião


O ex-zagueiro Neto, um dos sobreviventes do acidente com a equipe da Chapecoense, visitou na quarta-feira a montanha na região noroeste da Colômbia onde o avião com a equipe caiu há cinco anos.

O ex-jogador plantou árvores na localidade colombiana de La Unión em homenagem às 71 pessoas que morreram na noite de 29 de novembro de 2016.

"Estando aqui agora entendi o que significa a vida", disse.

Neto, 36 anos, parecia tranquilo durante o ato simbólico em Cerro Gordo, agora chamado Cerro Chapecoense, onde caiu a aeronave registrada na Bolívia.

O avião que transportava a equipe brasileira para a disputa da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional ficou sem combustível pouco antes do pouso em Medellín.


Entre as vítimas estavam jogadores, integrantes da comissão técnica e da direção do clube, jornalistas e parte da tripulação.

Neto caminhou ao lado de um pedaço da fuselagem do avião que ainda permanece no local e posou para fotos com o dono da fazenda onde estão os pedaços da aeronave e com outros moradores do setor.

"O mais difícil para mim foi a morte dos que se foram (...) foi difícil assimilar tudo", disse o agora dirigente da Chape.

Via A Gazeta Esportiva

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Da queda do avião em 2016 ao segundo rebaixamento em 2021: os cinco anos da Chapecoense após o acidente

Apesar de um recomeço promissor em 2017, clube acumula dívidas e pede apoio dos torcedores para superar os problemas causados pela tragédia de cinco anos atrás.

Arena Condá, estádio da Chapecoense, palco das principais glórias do clube e de recordação
das vítimas do acidente (Foto: Cristian Madoglio / Chapecoense/Divulgação)
Dois rebaixamentos, um acesso inesperado e a necessidade de uma reconstrução após o trágico acidente há cinco anos fizeram com que a Chapecoense tivesse altos e baixos após 2016, ano que mudou a história do clube que se firmava na elite do futebol brasileiro. Apesar de um recomeço promissor, com o título catarinense e um oitavo lugar no Brasileirão de 2017, os problemas administrativos e financeiros rebaixaram a equipe à Série B em 2019.

Antes disso, porém, o cenário era de completa reestruturação. Mais do que a contratação de um novo time, muitas das pessoas que haviam colocado a Chapecoense em uma posição de destaque morreram no acidente. Foi preciso se refazer dentro e fora de campo.

— A Chapecoense perdeu seu principal ativo, que eram seus colaboradores. Perdemos quase que integralmente. E perdemos a parte cerebral, também, que eram os nossos dirigentes — diz Ilan Nazário, atual vice-presidente jurídico da Chapecoense.

Para 2017, o então presidente do Conselho Deliberativo do clube, Plínio David de Nês Filho, foi aclamado como o novo mandatário. Ivan Tozzo, que assumiu interinamente a presidência após a morte de Sandro Pallaoro no acidente, voltou a ser vice-presidente. Rui Costa, com passagem pelo Grêmio, foi escolhido para ser o diretor executivo, e Vagner Mancini, atual técnico gremista, assumiu o cargo de treinador no recomeço da equipe catarinense.

No elenco, jogadores como Douglas Grolli, Fabrício Bruno, Reinaldo, Luiz Antônio, Rossi e Wellington Paulista fizeram parte do time no primeiro ano após a tragédia. Os resultados foram expressivos para uma equipe em reconstrução. O problema, de acordo com o atual presidente da Chape, Gilson Sbeghen, foi o desequilíbrio nas finanças do clube.

— A tragédia impactou muito. Em 2018, pagamos um preço muito caro para permanecer na Série A. Em 2019, também gastamos demais. Nossa dívida saltou, com acordos e pendências. Em dois anos foi a R$ 80 milhões. Não tínhamos nada de dívida, havia até reserva de caixa — relatou Sbeghen em entrevista a Leonardo Oliveira, colunista de GZH, em outubro.

O repórter Rangel Agnolin, do canal Mais Sports e da Rádio Oeste Capital, de Chapecó, explica que essa tentativa de manter a Chape na Primeira Divisão a qualquer custo teve um preço alto a ser pago. Mas teve como razão, em especial, o medo da Segunda Divisão.

— Em 2018, as contas começaram a desandar. Foi feito um esforço para o clube se manter na Série A, porque aqui (em Chapecó) tinha-se um medo grande da Série B. Muita gente achava que, se caísse, o clube iria terminar — relata o jornalista.

A queda à Série B, em 2019, foi o primeiro rebaixamento do time catarinense em um campeonato nacional na sua história. Mas o clube não acabou, como alguns temiam. Pelo contrário, no ano passado, um inesperado título e, consequentemente, o retorno à Primeira Divisão fizeram com que o clube, ainda sem a estrutura necessária para voltar à Série A, encarasse a dura missão de estar novamente na elite do futebol brasileiro em 2021.

— Principalmente, pela situação da pandemia, não tínhamos no nosso planejamento voltar neste ano à Série A. Como os resultados apareceram, chegamos. Sabíamos das dificuldades que enfrentaríamos em 2021. Nosso orçamento é o menor de todos os clubes. Não tínhamos capacidade de investimento — explicou o presidente da Chape.

De acordo com ele, a folha salarial da equipe é de cerca de R$ 2,2 milhões mensais. As dívidas com as famílias dos mortos no acidente de 2016 também causam um impacto profundo nas finanças da Chapecoense. Em cinco anos, o clube gastou cerca de R$ 50 milhões em despesas de auxílio e indenizações.

— Temos os acordos com as famílias, que foram formalizados no início de 2018 e 2019. Levaremos 10 anos para pagar. Hoje, nos consome R$ 460 mil por mês. É um valor considerável para um clube com o nosso orçamento. Mas é uma responsabilidade que a Chapecoense está assumindo. Embora ainda lutemos por justiça, assim como todos os familiares. Temos ações contra o governos boliviano e colombiano, a extinta companhia aérea e seguradoras. Pelo menos, queremos que assumam a responsabilidade, assim como a Chape assumiu e não deixou as famílias desassistidas — disse Sbeghen.

O acidente aéreo corresponde a cerca de 40% da dívida atual da Chapecoense, de aproximadamente R$ 120 milhões. Ainda existem 11 acordos, com familiares de sete vítimas, que não foram firmados por conta da crise financeira do clube.

— Não conseguimos chegar nos valores ainda. O problema é que tivemos dificuldades no ano passado, com a queda. Não conseguiríamos honrar esses compromissos, pagá-los em dia. E não quisemos fechar acordos que não conseguíssemos cumprir — justifica o vice jurídico.

Neste meio do caminho, o clube ainda sofreu com a morte do presidente Paulo Magro, em dezembro de 2020, por conta de complicação da covid-19. Sbeghen era seu vice-presidente administrativo e financeiro e ficará no cargo apenas até o fim deste ano. Portanto, o futuro da Chapecoense ainda é incerto. No ano que vem, espera-se uma redução para uma folha salarial inferior a R$ 1 milhão para que o clube possa seguir honrando seus compromissos. Será mais um recomeço, de tantos que a instituição já passou.

— A situação financeira é difícil. No ano passado, foi feito milagre para manter os pagamentos em dia. Em 2021, melhorou, pena que o futebol não correspondeu e descemos de novo. Claro que prejudica, porque o orçamento diminui em seis vezes. A próxima gestão terá um desafio bem grande e dependeremos do apoio de todo mundo. A Chapecoense tem solução, mas temos de andar pelo mesmo caminho. Temos de unir forças — apela Ilan Nazário.

Força, essa, que um clube que passou por um dos capítulos mais tristes da história do esporte brasileiro já demonstrou que tem. E contará com a ajuda de uma torcida, ainda que nem tão numerosa, mas apaixonada por uma relação forjada na dor, que espera voltar a sorrir em breve.

Por Luã Hernandez (GHZ)

domingo, 28 de novembro de 2021

sábado, 27 de novembro de 2021

Acidente com avião da Chapecoense completa 5 anos dia 29. Veja homenagens

Haverá homenagem às vítimas na Arena Condá na segunda-feira. Voo com integrantes do time, jornalistas e tripulantes caiu na Colômbia em 29 de novembro de 2016.

Homenagem às vítimas do voo da Chapecoense feita com flores em campo de futebol
em 2019 (Foto: Agência Getty Images/Divulgação)
Na segunda-feira (29), o acidente com o voo da Chapecoense completa cinco anos. Desde então, Chapecó, cidade do Oeste catarinense, e sede do time, tem feito diversas homenagens às 71 pessoas que morreram com a queda do avião.

Lembranças relacionadas àqueles que se foram no acidente podem ser encontradas em pinturas, praça e eventos da cidade. Na própria Arena Condá, estádio do time, será feita uma homenagem na segunda.

Veja abaixo fotos de homenagens pela cidade às vítimas do acidente.


Átrio Daví Barela Dávi

Átrio Daví Barela Dávi (Foto: Departamento de Marketing e Comunicação Nostra Casa)
Espaço inaugurado em 2017, dedicado a contar a história do luto da cidade pelos mortos no voo. Ele fica ao lado do estádio Arena Condá. Próximo ao Mural “O Gol Eterno” foi depositada a chamada Cápsula do Tempo. Nela, foram colocadas cartas do mundo inteiro com as mais diversas mensagens de apoio ao clube e à cidade. A Cápsula do Tempo, depositada no Átrio, será aberta daqui a 43 anos.

Átrio Daví Barela Dávi em 2018 — Foto: Comunicação Nostra Casa

Pintura do "Gol Eterno"

Pintado por Consentino, 'gol eterno' ganha vida na Arena Condá (Foto: Simone Tavares/Divulgação)
Localizada em uma parede de uma das arquibancadas da Arena Condá, a pintura foi feita pelo artista Paulo Consentino. Ele pintou um gol da Chapecoense que nunca aconteceu, na final da Copa Sul-Americana. O time viajava para participar da partida quando houve o acidente.

Pinturas nos muros da Arena Condá

Pintura do atacante Ananias feita pelo artista plástico Digo Cardoso (Foto: Divulgação)
Nos muros do estádio, o artista plástico Digo Cardoso pintou os rostos dos 64 brasileiros que morreram no acidente.

Praça da Família São Luiz Pallaoro

Praça da Família São Luiz Pallaoro (Foto: Prefeitura de Chapecó/Divulgação)
A Praça da Família São Luiz Pallaoro, nome em homenagem ao ex-presidente da Chapecoense, morto no acidente, foi inaugurada no bairro São Pedro em novembro de 2020.

Homenagem na segunda


Na próxima segunda, haverá uma homenagem às vítimas na Arena Condá. O evento “Pra Sempre Lembrados” foi idealizado por familiares dos mortos no acidente e apoiado pelo clube.

Ele ocorrerá a partir das 19h e também vai homenagear vítimas da Covid-19. Uma delas é o presidente da Chapecoense Paulo Ricardo Magro, que morreu em dezembro de 2020 por causa de complicações da doença.

A expectativa dos organizadores é que até 14 mil pessoas ocupem as arquibancadas da Arena. O evento é gratuito, mas foram distribuídos ingressos para que fosse respeitado um certo distanciamento para evitar o contágio da Covid-19. Conforme a prefeitura, as entradas já estão esgotadas.

Por Joana Caldas, g1 SC

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Documento mostra 12 novas empresas como responsáveis pelo seguro do voo da Chape

Companhias tentam na Justiça de Londres parar processo de indenização que corre nos EUA.


Há 12 novos personagens na briga judicial pelo pagamento do seguro do voo da Chapecoense, um valor que pode chegar a US$ 844 milhões (R$ 4,8 bilhões pela cotação atual).

Documentos registrados na Justiça em Londres, aos quais a Folha teve acesso, apontam que a Tokio Marine Kiln não era a única resseguradora do voo da LaMia que levava os jogadores da equipe catarinense, dirigentes e jornalistas para a final da Copa Sul-Americana de 2016.
Destroços do avião da LaMia que caiu nos arredores de Medellín, em 2016 - Adriano Vizoni-1.dez.16/Folhapress


Os nomes das empresas aparecem em pedido encabeçado pela Tokio Marine Kiln, na Inglaterra, para que o processo aberto pela Justiça americana na Flórida seja paralisado. Em uma primeira decisão, nos Estados Unidos, a causa foi estipulada em US$ 844 milhões.

Até então, sabia-se que as companhias envolvidas eram a Bisa (seguradora do voo), Aon (corretora) e a Tokio Marine Kiln (resseguradora). A investigação no Brasil tinha indícios de outras empresas no caso, mas sem nomes ou quantidade.


No processo em Londres, a Tokio Marine Kiln lista outras 12 corporações do ramo como “resseguradoras e/ou [...] agentes gestores" de resseguro da Bisa e da LaMia.

No mercado de seguros, uma mesma apólice pode ser dividida entre concorrentes, com porcentagens diferentes entre elas. O dado é importante porque a Bisa não tem capacidade financeira para arcar com o pagamento do seguro. Este, então, seria responsabilidade das resseguradoras.

Caso as famílias das vítimas e sobreviventes ganhem o processo, essas 13 empresas teriam de dividir a quitação da apólice. Ainda não está claro qual a porcentagem de cada uma no resseguro da LaMia.

Segundo os advogados das famílias, a Aon também fez pleito na Inglaterra para que o processo americano seja interrompido.

A Aon afirma que, como corretora, não é sua atribuição pagar a apólice. Para as resseguradoras, a LaMia tornou o seguro inválido quando decidiu voar para a Colômbia. Pelo contrato, o país é uma exceção territorial e a companhia aérea não poderia ter decolado para lá.

Os documentos foram entregues aos senadores brasileiros que fazem parte da CPI da Chapecoense, que deve retomar as atividades neste ano, após paralisação em decorrência da pandemia.

“As resseguradoras existem para isso, dar suporte às seguradoras. Então esses grupos internacionais vão ter que dar satisfações para o mundo todo”, afirma o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), relator da comissão da Chape.

Ele diz que pode convocar representantes dessas empresas para averiguar a responsabilidade de cada uma delas e que, com o retorno das atividades da comissão, quer colher depoimentos também da Petrobras e da Caixa Econômica Federal (que têm negócios com a Tokio Marine Kiln), além da controladora de voo Celia Castedo Monasterio.

Celia foi presa em Corumbá, Mato Grosso, e poderá ser extraditada para a Bolívia. Ela foi a responsável por aprovar o plano de voo que possibilitou à LaMia decolar para Medellín. A controladora alega que a responsabilidade de fiscalizar era dos funcionários da pista do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra.

“Depois de tantos anos querendo saber quem eram todos os envolvidos no resseguro, enfim conseguimos ter acesso a isso. Descobrimos que há empresas de grande porte e que atuam no Brasil. Isso traz novos participantes para essa situação jurídica”, afirmou Marcel Camillo, advogado de nove famílias vítimas da tragédia.

Fabiano Porto, presidente da Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense enviou ofício a Izalci Lucas pedindo a continuidade dos trabalhos da CPI.

“Cada ano surge um fator novo que mostra que a tragédia começa muito antes de o avião decolar. O que mais me entristece é a impunidade. A gente não é tão patriota quanto se diz. Morreu tanta gente e não aconteceu nada com as empresas de seguro que dominam o mundo”, afirma Neto, um dos três sobreviventes daquele elenco da Chapecoense. Ele não conseguiu voltar a jogar após o acidente.

O valor do seguro também é motivo de contestação por parte daqueles que buscam a indenização.

Esse caiu de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bi em valores atuais) para US$ 25 milhões (R$ 132,5 milhões em valores atuais) pouco antes da LaMia passar a trabalhar com equipes de futebol, o que deveria ter elevado o número.

Para a Afav-C (Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense), o corretor da Aon, Simon Kaye, é o primeiro responsável pela tragédia, pois possibilitou não só essa mudança, mas também a assinatura de um seguro que não cobria a Colômbia, país onde o avião caiu.

A Folha entrou em contato com todas as resseguradoras listadas como requerentes no processo, a maioria com sede no Reino Unido.

A Asta Managing Agency Limited respondeu não ter atualmente nenhuma relação com o caso e que, à época, trabalhava como agente da Axis Syndicate 1686, que “pode ter algum envolvimento na cobertura do seguro”. A Axis não é citada na ação em Londres e não foi localizada para responder sobre sua suposta participação.

A Argo Managing Agency não quis se pronunciar. Segundo uma pessoa com conhecimento do assunto, a empresa chegou a ser responsável por 0,5% da apólice, mas que atualmente não teria nenhum vínculo com o seguro. Ela está, porém, listada no processo.

Tokio Marine Kiln, Liberty Mutual Insurance, Starr Underwriting Agents e Canopius Managing Agents preferiram não comentar.

QBE Underwriting, Hiscox Syndicates, Catlin Underwriting Agencies (e a AXA, companhia dona dessa resseguradora), Chubb Underwriting Agencies, Atrium Underwriters, Agency Limited e Beazley Furlonge não responderam até a publicação desta reportagem.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Familiares de vítimas de tragédia da Chapecoense alertam que prisão de controladora é 'ponta do iceberg'

A controladora Celia Castedo Monasterio foi presa neste semana acusada de aprovar plano de voo de 'maneira fraudulenta'.


Os familiares das vítimas da queda do voo LaMia 2933, que deixou 71 mortos incluindo a maior parte da delegação da Chapecoense em 2016, não ficaram empolgados com a prisão da controladora Celia Castedo Monasterio nesta quinta-feira. Monasterio foi a responsável por aprovar o plano de voo da aeronave na Bolívia, onde estava descrita a falta de combustível para emergências.

- A Celia é a ponta do iceberg em uma cadeia enorme de negligência das autoridades bolivianas. Acusando ela fica muito simples para o órgão que regula aviação civil na Bolívia, pois tira deles o peso da responsabilidade de revisar outras questões - disse Fabianne Belle, presidente da Associação dos Familiares do Voo da Chapecoense, em entrevista ao UOL.

- Minha angústia vem desde o acidente, que sempre provocou diversos sustos no meio do caminho. Tenho medo que seja o susto final. A prisão dela não pode ser um símbolo de vitória. Ela sendo colocada em uma prisão e colocada como culpada, vai encobrir os culpados. Essa é a preocupação - completou Fabianne Belle.

Mara Paiva, viúva do comentarista Mário Sérgio Pontes de Paiva, também falou sobre a posição de Celia Castedo Monasterio nas investigações do acidente. Ela afirmou querer um final "menos trágico".

- Ela pode virar um salvo-conduto para empresas envolvidas, vira um bode expiatório. A atenção vai voltar para ela, mas ela é uma peça desse quebra-cabeça. Com esta prisão é possível com que muitas questões sejam reveladas. Não queremos um final feliz, queremos um final menos trágico. Aquelas pessoas entraram naquela aeronave para morrer, só não sabiam, mas entraram para morrer - acrescentou Mara Paiva.

Voo Lamia 2933

​Em 28 de novembro de 2016, o voo 2933 da companhia LaMia saindo do Aeroporto Internacional Viru Viru, na Bolívia, com destino ao Aeroporto José María Córdova, na Colômbia, caiu e deixou 71 mortos. O avião transportava a delegação da Chapecoense que iria enfrentar o Atlético Nacional (COL) pela final da Copa Sul-Americana, além de jornalistas e convidados.

Apenas 6 pessoas sobreviveram à queda que aconteceu na Colômbia. Entre elas, os atletas Alan Ruschel, Jakson Follman e Neto, o jornalista Rafael Henzel, a comissária de bordo Ximena Suárez e o técnico de voo Erwin Tumiri.

A controladora de voo Celia Castedo Monasterio aprovou o plano descrito pelo piloto da aeronave, onde mostrava que o avião não tinha combustível para uma situação de emergência.

Via Lance!

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Mulher que assinou plano de voo de avião da Chapecoense é presa em MS

Célia Castedo mostra documento que seria plano de voo da Chape (Imagem: Reprodução/SporTV)
A Polícia Federal de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, prendeu hoje a boliviana Celia Castedo, controladora responsável por assinar o plano de voo do avião da Chapecoense, em 2016. O UOL Esporte confirmou a prisão.

Conforme informações do 'Jornal Nacional', a ordem de prisão foi assinada por Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal. Conforme a sentença, Celia é dada como 'procurada pela Justiça boliviana para responder pela suposta prática do crime de atentado contra a segurança no espaço aéreo'.

Ainda de acordo com o 'JN', a Polícia Federal ficou responsável pela prisão de Celia. A decisão do STF determina a extradição da investigada. Ela morava no Brasil desde 2016, quando solicitou asilo alegando ameaças desde suas declarações sobre o voo. 

A controladora assinou o plano de voo da Lamia, que transportava o time brasileiro. O documento em questão mostrou que o piloto decolou da Bolívia para a Colômbia sem a quantidade suficiente de combustível. 

O desastre terminou com 71 pessoas mortas, entre jogadores da Chape, comissão técnica, jornalistas e funcionários da companhia aérea. Todos embarcavam para a final da Copa Sul-Americana.

Via UOL Esportes